Guaraná Paquera foi uma performance de um ano encenada no Instagram por Mariana Destro, construída a partir de uma série de imagens, vídeos, found texts e notas, compartilhada nos stories da plataforma. Após se submeter a uma cirurgia plástica, Mariana se propôs a investigar os modos de identificação associados à face humana. Assumindo o rosto como uma ficção que direciona através da palavra modos de viver, ela mergulhou, durante o ano de 2023, em um ciclo infindável de busca pelo “autoaperfeiçoamento”, estimulado pelos espectadores que consumiam o corpo e a vida da artista que viam online.

Para reconstruir sua identidade, criando uma nova versão de si mesma baseada em quem já era, a artista assumiu a comodificação de seu corpo e sua imagem, aqui estrategicamente performada. Assim, ela se dispôs a fotografar o dia a dia, postar nas redes sociais e, de acordo com a dinâmica do Instagram, uma plataforma de produção de imagens sujeitas ao ethos neoliberal de produtividade e consumo, interagir com seus seguidores. A documentação da performance resultou em um exercício experimental de escrita em forma de site, disponível online entre novembro de 2023 e abril de 2024.​​​​​​​
Guaraná Paquera was a year-long performance staged on Instagram by Mariana Destro, built from a series of images, videos, found texts, and notes shared on the platform's stories. After undergoing plastic surgery, Mariana set out to investigate the modes of identification associated with the human face. Assuming the face as a fiction that directs ways of living through words, in the year 2023 she dived into an endless cycle of searching for “self-improvement”, fueled by viewers who consumed the artist's body and life they saw online.

To reconstruct her identity, creating a new version of herself based on who she already was, the artist embraced the commodification of her body and image, here strategically performed. Thus, she committed to photographing her daily life, posting on social media, and, by the dynamics of Instagram, a platform for image production subject to the neoliberal ethos of productivity and consumption, interacting with her followers. The documentation of the performance resulted in an experimental writing exercise in the form of a website, available online between November 2023 and April 2024.
Escolhido por ser um título intraduzível, uma vez que “guaraná” é uma derivação da palavra “wara'ná”, da língua indígena sateré-mawé, e “paquera”, uma corruptela da palavra “paqueiro”, que nomeia o cão adestrado para caçar pacas, Guaraná Paquera, além de ser o nome de um popular refrigerante do Rio de Janeiro, também se relaciona à institucionalização das Cosmococas de Hélio Oiticica, que, nos museus, contrariando as instruções do artista, não apresentam cocaína em suas instalações. Em vez disso, há o que muitas vezes parece ser pó de guaraná, suscitando algumas discussões sobre transgressão, marginalidade e institucionalização na arte.

Guaraná Paquera — cujas iniciais, vale observar, são GP, abreviação popular para o termo “garota de programa” — é um registro da putaria de Mariana Destro, que tensiona narrativa, vida, ficção, criação e tanto as possibilidades quanto as implicações políticas da identidade, na era digital.​​​​​​​​​​​​​​
Chosen for being an untranslatable title, as “guaraná” is a derivation of the Sateré-Mawé indigenous word “wara'ná”, and “paquera” is a corruption of “paqueiro”, which names a trained dog for hunting pacas, Guaraná Paquera, besides being the name of a popular soft drink in Rio de Janeiro, is also related to the institutionalization of Hélio Oiticica's Cosmococas. In museums, contrary to the artist's instructions, they do not display cocaine in their installations. Instead, there is often what appears to be guaraná powder, sparking discussions about transgression, marginality, and institutionalization in art.

Guaraná Paquera—whose initials, it's worth noting, are GP, a popular abbreviation for the term “garota de programa” (sex worker)—is a record of Mariana Destro's putaria (whoreness), which tensions narrative, life, fiction, creation, and both the possibilities and political implications of identity, in the digital era.